O que faz o Neurologista Infantil?
O Neurologista Infantil, ou Neurologista Pediátrico, ou ainda Neuropediatra (são termos sinônimos) atua na investigação e acompanhamento de alterações neurológicas (ou seja, do sistema nervoso) de uma criança. Isso vai desde a sua formação e intercorrências que podem surgir ao longo do caminho.
O Sistema nervoso é formado por:
- Sistema nervoso central (cerebro, cerebelo, tronco encefálico e medula espinhal)
- Sistema nervoso periférico (nervos, gânglios nervosos, receptores sensoriais periféricos, fibras nervosas).
Perceba que qualquer alteração em qualquer uma dessas estruturas pode trazer repercussão no desenvolvimento de uma pessoa.
Ex: alterações nos nervos periféricos alteram a força e a capacidade de andar.
Alterações no cerebro alteram equilíbrio e fala.
Alterações no cérebro podem influenciar em todo restante, dependendo do local.
Dito isso, engana-se quem pensa que a Neurologia Pediátrica resume-se a acompanhar TDAH e TEA! Vai muito além! Até por que, transtornos do Neurodesenvolvimento podem estar (e geralmente estão) associados a outras síndromes com sinais e sintomas diferentes.
Não basta compreender esses transtornos. Tem que entender de onde vem, por que vem e o que mais devemos acompanhar!
Exemplo 1: Criança com TDAH --> foi avaliada por neuropediatra e identificadas pequenas manchinhas no corpo --> Suspeitou-se de uma síndrome genética (Complexo da Esclerose Tuberosa) --> foram solicitados exames adicionais que identificaram tumor renal --> paciente iniciou tratamento e foi salvo!
Exemplo 2: menino com TEA aos 3 anos. Dificuldade para andar --> atribuído a um transtorno sensorial (que de fato estava presente), e um atraso "próprio do TEA, afinal, era o tempo dele" --> aos 6 anos estava muito pior do ponto de vista motor mesmo com terapias --> observado comprometimento nos membros superiores (as estereotipias tipo flapping eram menos intensas) --> chegou ao neuropediatra que suspeitou e diagnosticou Distrofia Muscular de Duchenne (uma doença neuromuscular). Porém o comprometimento era severo e irreversível, pois perdeu-se muito tempo de tratamento com o suposto diagnóstico de "transtorno sensorial associado ao autismo".
Percebe como o buraco é mais embaixo? Percebe como não é suficiente saber bem UMA coisa?
Por fim, deixarei uma breve lista de coisas que acompanhamos em nossos atendimentos. Afinal, só diagnostica quem procura, e só procura quem sabe o que está procurando.
- Atraso e/ou regressão no desenvolvimento
- Sequelas neurológicas de infeções/ AVC/ icterícia / parada cardiorrespiratória/ hipoglicemia / complicações no parto
- Crises epilépticas / Epilepsia / Encefalopatias epilépticas
- Doenças neuromusculares Cefaleias (dor de cabeça)
- Distúrbios do sono
- Distúrbios do movimento / tremores / “rigidez”
- Ataxias / desequilíbrios
- Malformações no sistema nervoso
- Doenças desmielinizantesErros inatos do metabolismo